quarta-feira, 25 de junho de 2014

O bater das asas

       Estávamos no mês de março, minha mãe havia decidido mudar-se de cidade novamente, e eu não queria segui-la, não naquele momento em que estava me acostumando aos novos amigos, à uma nova cidade, queria muito ficar perto dela, amava-a, mas a minha decisão estava tomada. Numa tarde resolvi contar sobre a minha decisão, percebi o quão chateada ela ficou, mas disse:
      _É a sua vida, é a sua decisão, não vou interferir, e lembre-se não estou te colocando pra fora e foi você quem decidiu ficar!
     Senti naquele momento um nó na garganta, sabia que eu precisava manter-me firme, seguir em frente, cortar o cordão umbilical, sabia que seria difícil sem a minha mãe por perto, mas finalmente estava na hora.
     Fizemos a mudança, colocamos todas as coisas no caminhão e ela se foi, não se despediu, não olhou pra trás, simplesmente respeitou o meu desejo, (acredito que as mães não são preparadas para se separarem de seus filhos, deve ser doloroso), mas enfim, no fundo ela sabia que eu tinha me tornado uma mulher e precisava seguir meu destino.
     Alguns dias depois, assisti ao filme "Dois filhos de Francisco" e aquela música nunca me saiu da cabeça
 "No dia em que eu saí de casa, minha mãe me disse: Filho, vem cá! e etc..." e fiz a minha mudança para casa de uma moça que havia conhecido no trabalho, e depois dela vieram outras, até conseguir o meu tão sonhado espaço.
     Hoje sinto que fiz a escolha certa, tudo poderia ser diferente se estivesse morando com a minha mãe, mas me sentir independente, realizada e feliz, é algo indescritível. Não há prazer maior do que conquistar as coisas que você deseja e claro que minha mãe tem um orgulho gigante de mim.